No estado que detém o maior rebanho bovino do país, um grupo de criadores atua de forma articulada com a chamada pecuária sustentável. No Vale do Araguaia, em Torixoréu, a 577km de Cuiabá, uma fazenda tem 1.500 cabeças de gado com uma raça criada na própria propriedade.
A raça foi criada há 16 anos, sendo uma mistura de Nelore, Caracu e Blond D’Aquitaine. O gestor da fazenda, Argemiro de Freitas, conseguiu criar uma raça que pode produzir mais cedo e engorda mais rápido.
“Em 18 meses, o boi fica pronto para o abate ou 20 meses, no máximo. Já o Nelore, mais comum, tem que esperar uns três anos”, disse.
O pasto é o principal alimento dos animais. Ocorre uma rotação estratégica na fazenda de Argemiro, no qual traz um gado de outro pasto para dinamizar e trazer bem-estar aos animais.
“Tem que ter capricho com esse manejo senão vai degradar a terra, porque aí eles comem muito”, explicou.
Um cocho coberto também faz parte desta estratégia de bem-estar animal e diminui o estresse do gado.
“Aqui o clima é muito quente, então, se não tiver uma sombra onde o animal possa comer, ele sofre demais com o calor e perde peso”, disse.
Liga do Araguaia
Criada em 2015, a liga é um movimento de pecuaristas que, inicialmente, era mais voltada nesta área e, com o tempo, os trabalhos foram ampliados. Movidos pela insatisfação com a imagem dos pecuaristas, eles resolveram se unir para reverter essa impressão, de acordo com o fundador, Caio Penido.
Ao todo, são 60 pecuaristas envolvidos no movimento. “Acreditamos que com uma gestão com indicadores de sustentabilidade, ele consegue melhorar e se comparar com os pares para encontrar os pontos mais fracos. É uma atividade coletiva”, disse.https://c3443979ce4e9f1bb5cef62d92df2bf7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Para o engenheiro agrônomo e técnico residente da liga, Hiltonis Santos Sousa, o papel é importante para auxiliar no aumento da qualidade da produção de gado.
“O meu papel é levar os projetos que desenvolvemos aos produtores e levantar as demandas e acompanhar o que é desenvolvido nas propriedades. São duas ferramentas, uma de gestão e outra de sustentabilidade. A gente consegue gerar resultado ao produtor e propiciar a melhoria da produtividade”, explicou.
Em algumas técnicas para garantir o bem-estar ao gado, Sousa destaca que um curral em forma de círculo traz reflexos importantes na hora do abate.
“Um curral redondo diminui o estresse aos animais, então ele somente vai enxergar os outros bois e evitar acidentes. Outra melhoria é deixar a água próximo dos grupos. É interessante que o animal se desloque até 500 metros para beber água, é o ideal. O animal não vai mais para o leito do rio beber água e, com isso, não causa mais erosão”, disse.